sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Tudo o que pode correr mal, corre

Fui convidada para um casamento. E a ansiedade das noivas, desde que casei, parece-me sempre completamente desnecessária. É que quando as coisas podem correr mal, as coisas correm mal. E existem centenas de pormenores que escapam ao nosso empenho, tal como a noiva sentir-se mal e passar o copo de água todo a vomitar. Eu tenho a certeza que não há pior que isto. Pois, e aconteceu-me.
O nervosismo do meu pai quando ainda estávamos em casa, tanto que parecia ele a noiva, combinado com a minha própria ansiedade resultou num estômago embrulhado e numa cabeça a latejar, os dois meus, diga-se. Até à igreja fui com a cabeça fora do carro, tal como um cão todo contente, com a língua de fora, por sentir o vento no focinho. A diferença é que eu não tenho focinho e nem tão pouco ia contente com a língua de fora. O meu único pensamento e desejo era: "Bolachas, não vomites na igreja".
E, de facto, este desejo foi concedido. Esperei até chegar à quinta para vomitar. Só parei quando cheguei à casa nova. Não comi, não bebi, não dancei. Minto, dancei. Abri o baile com o meu recém-marido. Quem vir o vídeo pensa logo: "ai, que bonito, estavas tão compenetrada, tão apaixonada". Não, não estava. Estava era literalmente a segurar-me no meu moço, de olhos fechados e a pedir-lhe secretamente que não me balançasse muito.
No final do casamento chorei, chorei, chorei. A sonhar com aquele dia desde que praticamente nasci (e não me venham com coisas, que todas as meninas, umas mais e outras menos, claro, imaginam centenas de vezes este dia) e tudo, TUDO, tinha corrido mal.
Por isso, a ansiedade das noivas me parece desnecessária. Desde que não seja preciso arranjar uma sala escura para a noiva dormir enquanto os convidados se divertem, o casamento já correu muito bem.
Um dia, vou casar-me outra vez (contigo na mesma Sr. Bolachas, não te preocupes).

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